12 abril 2010

Brasília 50 anos - Um olhar alternativo



Apresentação

Para os alunos de Arquitetura e Urbanismo da UFPB, ingressantes em 10.1, iniciar o curso no ano da comemoração do cinqüentenário de Brasília, mais do que uma coincidência, é uma oportunidade para realizar uma reflexão crítica sobre a construção da nova capital do Brasil, não apenas para identificar os motivos que fazem dela até hoje um marco mundial do Modernismo, como também para apontar seus contrastes, suas injustiças, seus erros. Foi com este objetivo, o de analisar Brasília através de um olhar alternativo, que os alunos da disciplina de Metodologia Científica se debruçaram sobre o assunto, com a sede de quem tem tudo para descobrir, mas também com as dificuldades de quem tem muito ainda para apreender. O primeiro desafio foi identificar alguns sub temas que, focando
diferentes facetas do objeto de estudo proposto, pudessem, em seu conjunto, fornecer um quadro abrangente de uma cidade contraditória e encantadora ao mesmo tempo. Foi com este propósito que os alunos se organizaram ao longo de diferentes eixos temáticos, ora voltando-se para os aspectos urbanísticos (comparando os projetos classificados no concurso para a nova capital, com o estudo vencedor, o plano piloto de Lucio Costa), ora aprofundando a análise dos projetos arquitetônicos (principalmente dos edifícios construídos ao longo do eixo monumental). Foram assim se delineando, ao lado do rincipal protagonista, Oscar Niemeyer, outros atores que, primeiro ao idealizarem e depois ao realizarem a grande utopia chamada Brasília, deixaram um legado de esperança, de beleza e de elegância, inscritos nos principais marcos da cidade. Fazem parte deste grupo os vibrantes vitrais de Marianne Peretti, os painéis modulares de Athos Bulcão, os cálculos ousados de Joaquim Cardoso, os jardins exóticos de Burle Marx que, em seu conjunto, formam um todo harmônico, único, belo.
Por fim, longe da Brasília monumental, alguns alunos se debruçaram sobre aspectos de cunho mais social, destacando a miscigenação cultural que Brasília possibilitou, apontando o crescimento descontrolado das cidades satélites, sem esquecer dos heróis anônimos, os candangos, muitos dos quais pagaram com a própria vida para a realização do grande sonho. Para concluir o ciclo, alguns alunos voltaram ao inicio de tudo, para contar a historia do “palácio do Catetinho”, pouco mais do que um galpão de tabuas no meio do cerrado, mas que até hoje emociona pela sua arquitetura singela, despojada, verdadeiramente brasileira, no sentido mais amplo e completo da palavra.

Elisabetta Romano, Professora de Metodologia Cientifica